A Guerra dos Tronos [Resenha final]


Iniciei no início do mês passado a leitura do primeiro livro da septologia A Song of Ice and Fire, que foi traduzida para o português como As Crônicas de Gelo e Fogo, chamado A Guerra dos Tronos ou, na tradução livre do original, Um Jogo de Tronos. O épico best-seller se passa em uma Idade Média fantástica cujas ásperas terras recebem o nome de Westeros. Westeros é dividida em Sete Reinos, dominados pela Capital, Porto Real. Ao norte do país/mundo/continente (não é concedida essa informação), situa-se Winterfell, terra do clã Stark, liderado por Eddard Stark, o Senhor de sua esposa e filhos. A vida da família está prestes a mudar com a vinda do Rei Robert de Porto Real, com o intuito de oferecer à Eddard um cargo no Conselho Real, como Mão do Rei. Mas Ned (Eddard), reconhece que Porto Real é na verdade um ninho de cobras, e que a morte da Mão anterior, Jon Arryn, assemelha-se à assassinato mais que tudo. E pior... A causadora do crime pode ter sido Cersei Lannister, a própria Rainha, e seu irmão, que é o "fiel" escudeiro do Rei, Jaime Lannister. Com essas suspeitas vindo à tona, os Stark são colocados em risco, e Eddard não vê outra saída senão encarar os leões. De espada na mão. Para salvar sua família, e também o amigo, Rei Robert, de uma morte na certa pelo clã Lannister.
Eu nunca tinha ouvido falar dessa série até o surgimento de um seriado produzido pela HBO, que ganhará sua segunda temporada ano que vem, e admito que não estava muito entusiasmado com a ideia de ler o livro, principalmente com seu tamanho. Mas, em uma de minhas inexplicáveis impulsões, comprei-o na livraria da minha cidade, e deixei-o para apodrecer em minha estante, com a promessa de lê-lo algum dia. E, logo na manhã seguinte, não tendo nada a fazer, puxei A Guerra dos Tronos de seu empoeirado canto e li o prólogo. Não preciso dizer que, depois disso, não descansei até acabar, certo? E até assumir que As Crônicas de Gelo e Fogo é a melhor coisa que já me aconteceu algum dia, ao menos no universo literário. Adorei a forma como esse novo mundo é introduzido, as milhões de possibilidades e as fortes características de todos os personagens. O clã Stark, reservado e honroso, e o clã Lannister, orgulhoso e feroz, são os protagonistas desta guerra de tronos, embora outros personagens secundários também resvalem sua importância ao decorrer do livro. Eles nos proporcionam infinitos momentos de prazer, medo, apreensão, diversão e adrenalina. Das planícies escuras e frias do Norte, até as terras ensolaradas e frutíferas do Sul, Westeros tornou-se, definitivamente, um lugar do qual não quero me despedir. Nunca mais.
A Guerra dos Tronos é um vício. Um vício de quase 700 páginas, se vocês me entendem. Rsrs.
Adorei a forma como tudo pode acontecer a todos (até mesmo as crianças pequenas não são salvas da batalha, da mutilação, da doença, do desastre...), e adquiri um carinho especial pela personagem Daenerys Targaryen. Para mim, os melhores capítulos são os dela: Dany vive com os dothraki, um povo bruto e cujo único propósito é saquear e destruir outras culturas, demonstrando assim seu ar de superioridade, e é obrigada a casar-se com o Khal, uma espécie de rei dothraki, já aos treze anos. A jovem enfrenta várias provações ao longo do livro, que a fazem amadurecer e se transformar em mulher bem antes do décimo oitavo dia de seu nome. Mas, no fim, o que mais me chamou a atenção no livro foi a ideia proposta por George R. R. Martin: não importa se os personagens são bons ou maus, se são Starks ou Lannisters, estão sempre em busca de seus objetivos, sempre perseguindo seus próprios interesses, buscando sobreviver, não importa como. Apenas o fim deixou-me um pouco triste e desapontado... O que aumentou ainda mais os pontinhos que o livro já tinha ganho!!! Simplesmente adoro finais infelizes! E neste primeiro livro os vilões ficam em vantagem, e pelo menos uma dúzia de bons protagonistas morrem (algo que eu não queria, mas que também era inevitável).
A Guerra dos Tronos é um livro para pessoas de caráter forte, que aguentam ler os detalhes da morte de uma criança de colo arrancada dos braços da mãe, chorando, e que é arremessada contra uma parede, impiedosamente, morrendo de forma cruel, desonrada e inumana. Para pessoas que suportam cenas de sexo brutais e inigualáveis, que podem envolver até mesmo o derramamento de sangue. Para os intelectos superiores... Os únicos que podem entender a rubra e sombria beleza da qual as terras de Westeros despojam. Não para adolescentes acostumados à leituras mornas como os Crepúsculos ou Harry Potters da vida, e não até mesmo para alguns adultos. Para encarar A Guerra dos Tronos, têm de se estar preparado para ler as coisas mais terríveis e, ao mesmo tempo, mais magníficas de toda a sua vida. Cada parágrafo um poema... Cada ato dos personagens, um aceleramento das batidas do coração...
Como diz o logo da série, na guerra dos tronos você ganha, ou morre. Traduzindo para a vida real: na guerra dos tronos, você ama fervorosamente ou sente repulsa com todas as suas forças.

Baixe o primeiro livro aqui:

C U Soon,
VDC