Corban Addison - Cruzando o Caminho do Sol

Cruzando o Caminho do Sol
Título: Cruzando o Caminho do Sol
Autor (a): Corban Addison
Editora: Novo Conceito
Gênero: Policial
Nº de Páginas: 448
Ano: 2012
Avaliação: 
Skoob
Sita e Ahalya são duas adolescentes de classe média alta que vivem tranquilamente junto de seus familiares, na Índia. Suas vidas tranquilas mudam completamente quando um tsunami destrói a costa leste de seu país, levando com suas ondas a vida dos pais e da avó das meninas. Sozinhas, elas tentam encontrar um modo de recomeçar a vida. Mas elas não devem confiar em qualquer um... Enquanto isso, do outro lado do mundo, em Washington, D.C., o advogado Thomas Clarke enfrenta uma crise em sua vida pessoal e profissional e decide mudar radicalmente: viaja à Índia para trabalhar em uma ONG que denuncia o trágico de pessoas e tenta reatar com sua esposa, que o abandonou. Suas vidas se cruzarão em um cenário exótico, envolto por uma terrível rede internacional de criminosos.

Demorou, mas estou de volta! Rsrs... Devido a atividades acadêmicas e a outros imprevistos, não consegui terminar a leitura de Cruzando o Caminho do Sol a tempo para o final de semana (tudo bem, eu enrolei um pouco), e, hoje, usando meu tempo livre de almoço, finalmente pude concluir a leitura! E, além da resenha prometida, estou hoje aqui para tratar de um assunto sério!! Um assunto do qual quase ninguém ouve falar hoje em dia e que não recebe a repercussão internacional merecida: o tráfico de garotas menores de idade na Índia, principalmente em Mumbai, com números de raptos assustadores que passam de milhões em apenas um ano. Essas garotas são revendidas (o quão cruel é utilizar este termo?) no submundo da prostituição indiano, e tão cedo assim, logo aos dez ou doze anos, perdem a inocência para aliciadores e cafetões, sendo separadas da família ou, pior, vendidas pela própria. Essas garotas crescem sem o apoio emocional adequado, e entregam-se à uma vida depressiva e desonrosa, sem maiores perspectivas e presas por seus "donos" em condições de escravatura extremas. Sim, eu já tomava conhecimento de casos como esses nos telejornais, mas não fazia ideia da dimensão da coisa, todas as subdivisões do "comércio", as coisas pelas quais essas garotas passam, a indiferença da maior parte das autoridades... Enfim! É um verdadeiro horror, sem mais nem menos.
E Cruzando o Caminho do Sol retrata fortemente isso, através da perspectiva de Ahalya e Sita, duas irmãs que perdem os pais num tsunami e são capturadas por homens mal-intencionados e vendidas no comércio sexual da Índia. Ao longo do livro, Ahalya e Sita são separadas e sofrem diversas transformações, tanto físicas quanto emocionais, além de passarem por duras provações. Simultaneamente, Addison relata a história do advogado Thomas, que viaja à Índia para tentar reatar com a esposa após a morte da filha Mohini, algo que desolou toda a família, e acaba se envolvendo com a Aces, entidade aparentemente real que dá suporte à garotas que sofreram abusos sexuais no passado e tenta desmascarar os grandes aliciadores locais.
Apesar da perspectiva embasada de argumentos e opinião de Addison, que é um advogado e apoiador de causas humanas como esta, Cruzando o Caminho do Sol não se provou aquele livro que "vicia", por falta de palavra melhor... Como antes mencionado, levei algum tempinho para concluir a leitura, isso devido a vários fatores, como, por exemplo, o uso de termos extraídos do curso de Direito e que não são devidamente explicados aos alheios ao assunto que não cursam ou não tem intenção de cursar essa área no futuro; o extremo nacionalismo do autor, com frases inacreditáveis como "Os Estados Unidos é o melhor país do mundo"; a falta de detalhismo da narração e alguns fatores que passaram batidos, além do carisma inexistente no personagem principal Thomas e em sua indecisão (que leva o leitor a quase arrancar os cabelos algumas vezes) com relação ao prolongamento ou a desistência de seu casamento, o que permeia por todo o livro, mesmo com o cara (e a mulher, que odiei, por sinal), sabendo que amam-se! Já que se amam e sabem disso, porque não ficam juntos logo e encerram essa lengalenga?
Cruzando o Caminho do Sol nunca fará você se apaixonar perdidamente por alguns personagens. Talvez até goste de alguns, mas, a meu ver, o tal Thomas é um galinha mesmo! Fora isso, a única coisa considerável na obra é seu pano de fundo: o submundo de comércio sexual que não abarca apenas a Índia, logicamente, mas todo o mundo. O livro não ganha uma nota ruim em meu conceito, só não é aquele que indicarei para meus amigos nem que colocarei na lista de preferidos.
Mas, se você quiser dar uma conferida e ficar mais por dentro desta séria temática, dentro da qual até já estou me aprofundando com a ajuda automática do Google (rsrs), vale ao menos conferir Cruzando o Caminho do Sol (ignorando alguns personagens). E não estou entrando em contradição comigo mesmo. Não é uma indicação literária! É apenas um tema que qualifico obrigatório a qualquer um! Porque não deixamos de olhar a escravatura como algo passado, lá de 1800 e tal, e passamos a enxergá-la como algo ainda contemporâneo, que está bem debaixo de nossos narizes e para a qual nunca damos tanta atenção?
Pense nisso...