Lemony Snicket - Quem poderia ser a uma hora dessas?

Quem poderia ser a uma hora dessas?
Título: Quem poderia ser uma hora dessas?
Autor(a): Lemony Snicket
Editora: Seguinte
Gênero: Aventura
Ano: 2012
Nº de Páginas: 240
Avaliação: 
Em uma cidade decadente, onde se criam polvos para a produção de tinta, onde há uma floresta de algas marinhas e onde um dia funcionou uma redação de jornal em um farol, um jovem Lemony Snicket começa o seu aprendizado em uma organização misteriosa. Ele vai atender seu primeiro cliente e tentar solucionar o seu primeiro crime, aos comandos de uma tutora que chama carro de “esportivo” e assina bilhetes secretos. Lá, ele vai cair na árvore errada, vai entrar no portão errado, destruir a biblioteca errada, e encontrar as respostas erradas para as perguntas erradas - que nunca deveriam ter passado pela cabeça dele. Ele escreveu um relato sobre tudo o que se passou, que não deveria ser publicado, em quatro volumes que não deveriam ser lidos. Este é o primeiro deles.

Dos livros que li este ano, Mau Começo, o primeiro da extensa série Desventuras em Série, foi um dos mais agradáveis. A vida já é complicada por si só, e o tipo de narrativa doce e morbidamente irônica do Lemony Snicket caiu como uma luva num momento em que eu precisava apenas relaxar curtindo uma boa história, e não deu outra: adorei o livro, já estou com os outros na fila para serem lidos em breve, e, enviado como cortesia da Seguinte, pude degustar Quem poderia ser a uma hora dessas?, o volume inicial de outra coleção do autor: Só Perguntas Erradas. Para começar, decidi ler este livro impulsionado pela beleza da capa. Eu ainda não tinha lido a outra famosa série, só visto o filme, mas algo na louca premissa de Quem poderia ser a uma hora dessas? me atraiu imediatamente:
Uma cidadezinha longe da civilização e literalmente caindo aos pedaços, cujo principal meio de sustento é a comercialização da tinta de polvos, e repleta dos personagens caricaturísticos mais loucos possíveis! Temos, por exemplo, a pequena jornalista que mora num farol e carrega uma máquina de escrever retratando seu cotidiano aonde for. Há a dupla de irmãos que não devem ter mais que dez anos, e trabalham como taxistas, levando pessoas de um ponto a outro da cidade e aceitando como pagamento dicas de bons livros, e um garoto travesso e cruel, que por ironia é filho dos dois únicos policiais da cidade: dois bobalhões que vivem brigando por questões matrimoniais ao invés de solucionarem crimes.
"Saber que uma coisa está errada e mesmo assim fazê-la é algo que acontece com bastante frequência na vida, e duvido que algum dia eu saiba o porquê."
Neste meio, uma versão adolescente de Lemony Snicket é o nosso protagonista. Sim, o próprio autor! Ele vai parar neste fim de mundo acompanhado de sua supervisora, outra com um parafuso a menos na cabeça e dona de uma cabeleira incontrolável, Theodora, para reaver um antigo objeto que foi roubado de uma das famílias mais importantes da região. Mas eles não são os únicos em busca do tal objeto desaparecido e, como Snicket descobrirá nesta estranha empreitada, nem todos merecem sua confiança, e há perguntas que, para seu próprio bem, não deveriam ser feitas.
Que livro gostoso, gente! Sabem aquele enredo que, por mais que não faça sentido e pareça bobo (afinal, o livro é para pré-adolescentes e crianças), te deixa vidrado nos fatos, virando as páginas calmamente, preferencialmente acompanhado de um achocolatado e biscoitos (com luvas, para não sujar nada, é claro), e tão imerso na narrativa que você esquece do mundo à sua volta? Quem poderia ser a uma hora dessas? é este tipo de livro! Tiro meu chapéu à Seguinte mais uma vez: como sempre, a diagramação é perfeita, com novas ilustrações a cada início de capítulo, minha fonte favorita em livros e espaçamento excelente. Impecável tecnicamente, o livro só deixa um pouquinho a desejar perto do fim! Eu esperava que ao menos algumas das "perguntas erradas" fossem respondidas, mas pelo visto isso só acontecerá no segundo livro.
Como Desventuras em Série, não deixo de recomendar esta série! Vale a espiada...