Sessão Clássicos #1 - Capitães da Areia

Capitães da AreiaNacional
Editora: Galera
Nº de páginas: 288
Avaliação: 
Skoob

Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente de sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.

Olá leitores!
Essa é minha estreia no L&R com a Sessão Clássicos. Sei que várias pessoas denominam esse tipo de livro como chatos e patéticos, contudo isso deve ocorrer por não não darem atenção à essência da história e, sim, às palavras típicas da época do autor. Meu escritor preferido é Machado de Assis e, na semana que vem (dia 21) é o seu aniversário de número 173. Mas minha primeira resenha será do último livro que li: Capitães da Areia.
Do renomado autor Jorge Amado, Capitães da Areia foi publicado em 1937 e censurado na Bahia (local da história). Vários exemplares foram queimados em praças públicas, pois os políticos pensavam que a obra era uma espécie de "propaganda consumista". A obra conta a história do grupo Capitães da Areia, formado por mais de quarenta meninos abandonados que moravam em um trapiche na cidade de Salvador. Pedro Bala (o líder), Sem-pernas (o coxo espião), Gato (o galã malandro), Professor (o único alfabetizado do grupo e que desenhava muito bem), Pirulito (o que sonha em ser padre), João Grande (o "negro-bom", como dizia Pedro Bala), Volta Seca (o afilhado e admirador de Lampião), Querido-de-Deus (o capoeirista) e Dora (a única menina no grupo e a "mãezinha" de todos apesar de ter 14 anos) são os mais citados e têm como sobrevivência os furtos e os restos de comida dos restaurantes.
As crianças não eram "impuras" por escolha, já que não tinham ninguém capaz de oferecê-las uma vida digna. Por isso, Pedro Bala acredita que pode mudar o destino dos pobres influenciado por João-de-Adão, através do qual soube do seu pai, o grevista Loiro.
O enredo é muito descritivo e emocionante. É, também, muito fácil de ser entendida, ainda mais com as notícias que rodeiam os capítulos das três partes. A última, Canção da Bahia, é a mais intrigante, pelo fato de mostrar o que acontece com os meninos ao serem mais velhos.
Confesso que, ao ver resenhas do livro antes mesmo de lê-lo, pensei que seria bem monótono, já que os meninos envolvem-se com meretrizes. Entretanto, Jorge Amado conseguiu criá-lo de tal forma que me fez quase impossível parar de ler.
Pode ser recomendado a quem quer começar a ler obras que marcaram a Literatura Brasileira e acabar com essa aversão aos clássicos nacionais!