(Review) Lana Del Rey está mais anos 50 que nunca no etéreo 'Paradise'!



Notícia boa para os fãs de música!
Como semana que vem vou ficar integralmente fora do ar por razões pessoais, hoje vai ter mais uma review musical! Mas e os livros? Como ficam!? Podemos contar no dedo o número de resenhas literárias deste mês, e sei que estou perdendo leitores, e não é muito menos meu objetivo mudar o nome do blog para Músicas & Rabiscos, mas infelizmente não tenho tanto tempo para a leitura como antes... Se tudo der certo, na semana que vem as resenhas já voltam ao normal!
Mas agora que tal falarmos um pouco de Lana Del Rey, a beiçuda que tomou conta de nossos corações (e iPods) este ano com o álbum Born to Die? A cantora indie ganhou reconhecimento global após a viral Video Games, que foi sua alavanca para o sucesso, e uma sequência de singles que, embora não tenham feito uma aparição significativa nas tabelas mundiais, impressionaram a todos com a gama artística e vintage de seus vídeos musicais. Paradise é o primeiro EP de inéditas da americana, e, como o esperado, nele Lana só quer exaltar a pátria e 'dirigir rápido'!
Que tal darmos uma olhada mais de perto neste paraíso retrô tão deslocado no cenário caótico da música atual?

01. Ride: A tarefa de abrir as portas do 'Paraíso' ficou por conta de Ride, o primeiro single e a balada indie com influências no soul e no pop barroco que já nascera morta nos charts, mas que, após um épico curta-metragem como videoclipe, ganhou um significado lírico totalmente diferente que não fosse "eu só dirijo".

02. American: A segunda faixa resume em quatro minutos e pouco a fascinação de Lana por sua pátria, com direito a citações à ícones como Elvis Presley e Bruce Springsteen. É a minha letra favorita de todo o EP, mas, para contrabalancear, tem uma das melodias mais fracas. 

03. Cola: Certamente a grande surpresa pela qual todos esperávamos, Cola é a literalmente deliciosa canção que, se não inova com relação à sonoridade, surpreende pela letra incomum e inevitavelmente polêmica. 'My pussy taste like Pepsi cola'...

04. Body Electric: O amor à pátria e agora à religião ficam evidentes na indubitavelmente apática Body Electric, uma fraca e falha representação do espírito juvenil selvagem e indomável presente no trabalho anterior.

05. Blue Velvet: Regravação do clássico originalmente gravado pelo grupo The Clovers, Blue Velvet é quase um suspiro de alívio após a morbidez incessante de Body Electric. A magia da gravação original nunca será superada, mas podemos dizer que Lana fez um cover à altura, tanto que o mesmo tornou-se minha canção favorita do EP.

06. Gods & Monsters: Qualquer prestígio que Lana tenha adquirido anteriormente com a regravação de Blue Velvet é perdido com Gods & Monsters, a inquietante faixa indie que coloca a credibilidade da garota que nos encantou em hits como Video Games e Born to Die em risco.

07. Yayo: Facilmente a mais fraca e sonolenta faixa, Yayo é uma balada quase incompreensível e totalmente descartável, apesar de, não devemos negar, demonstrar um lado Soul da artista nunca antes visto, e vocais marcantes na reta final do EP. O fato de Yayo ser a mais longa faixa também não trabalha ao favor da Lana...

08. Bel Air: A clássica história dos amantes desafortunados do bairro classista Bel Air inspira novos e agradáveis ares ao curto álbum, reivindicando para si o título do mesmo ao apresentar a melodia etérea e a atmosfera sobrenatural pelas quais nos apaixonamos em Born to Die. É no mínimo sensacional!

09. Burning Desire: Exclusiva do iTunes, Burning Desire é uma daquelas músicas que estão tão confortavelmente instaladas como faixas bônus quanto I Found A Boy, do 21 de Adele. Mas não se pode negar que Ride e Burning Desire sendo dispostas como limites opostos no EP é um fator interessante, até mesmo porque ambas são muito semelhantes liricamente.

Paradise não foi um EP que agradou à maioria... Principalmente àqueles que conheceram a artista após a acústica Video Games. A verdade é que nunca houveram reais expectativas com relações ao mesmo, ao menos de minha parte, por, no fundo, eu saber que Lana viria com reciclagens insatisfatórias de canções de seu verdadeiro primeiro disco de estúdio, Lizzy Grant a.k.a. Lana Del Rey, se vocês me perguntarem, um dos mais fracos recordes que já ouvi na vida. Eu realmente espero que, em discos futuros, Lana dê continuidade ao ótimo e diversificado trabalho iniciado em Born to Die...
Ser um apreciador de música indie é para poucos, mas música indie com inspirações diretas em grupos como o The Clovers e em cantores clássicos como Tony Bennett é para um grupo totalmente seleto e averso ao cenário comercial atual.

Ouça as prévias!