Marina Carvalho - Azul da Cor do Mar

Azul da Cor do Mar
Título: Azul da Cor do Mar
Autor(a): Marina Carvalho
Editora: Novo Conceito
Gênero: Romance
Nº de Páginas: 334
Ano: 2014
Avaliação: 
Acaso, destino ou loucura? No caso de Rafaela, Pode ser tudo isso junto. Para alguém como ela, nada é impossível. Rafaela sonha desde a adolescência com o garoto que viu uma vez, perto do mar, carregando uma mochila xadrez... A idéia fixa não a impediu, porém, de ser uma menina alegre e muito decidida. Ela quer ser jornalista, e seu sonho está se concretizando: Rafaela Vilas Boas (um nome tão imponente para alguém tão desajeitado) conseguiu um estágio no melhor jornal de Minas Gerais. Mas, como estamos falando de Rafa, alguma coisa tinha que dar errado. O jornal é mesmo incrível, mas seu colega de trabalho, Bernardo, não é a pessoa mais simpática do Mundo. Em meio a reportagens arriscadas – e alguns tropeços -, Bernardo acaba percebendo, contra a sua vontade, que Rafaela leva jeito para a coisa... E que eles formam uma dupla de tirar o fôlego. Mas e a mochila? E o garoto, o envelope, as cartas? Um dia a estabanada Rafaela vai ter que se libertar dessa obsessão. 

Azul da Cor do Mar é o primeiro livro nacional que leio em 2014 e já minha terceira experiência com a Marina Carvalho. Antes de qualquer coisa, para quem ainda não sabe (impossível depois de tanto repetir), Marina é minha professora de LP e Literatura, e além de ótima dando aulas é uma verdadeira expert na escrita. Tive a honra de ler o debute dela, Simplesmente Ana, antes que chegasse às lojas, só para confirmar que sua verdadeira vocação é ser escritora, já que amei todos os aspectos da obra. Na sequência veio Ela é uma fera!, uma moderna releitura do clássico A Megera Domada de Shakespeare, que foi lançado exclusivamente no formato e-Book, e que serviu para reafirmar Marina como uma das grandes apostas do mercado editorial brasileiro.
Querendo ou não, qualquer livro que ela publicar agora será aguardado com altas expectativas por mim, e também por vários outros ávidos leitores, e a hora da Marina estabilizar-se e provar que não foi só uma sensação momentânea chegou com seu verdadeiro segundo livro, Azul da Cor do Mar. Originalmente intitulado O Garoto da Mochila Xadrez, a obra relata as peripécias de Rafaela Vilas Boas, uma estudante de jornalismo que nasceu em São Pedro dos Ferros, mas atualmente reside em Belo Horizonte com dois dos três protetores irmãos mais velhos. Quando mais nova, ela se viu fascinada por um garoto cuja marca registrada era sua mochila xadrez, que conheceu de vista quando estava de férias numa casa de repouso em Iriri, e desde então nunca se esqueceu desta fatídica imagem.
O destino “sorri” à Rafa quando ela consegue o estágio dos sonhos no maior veículo comunicativo do estado de Minas Gerais, a Folha de Minas, o que provoca orgulho em sua imensa família e a inveja de seus colegas de classe. Mas há um pequeno empecilho em sua jornada... Seu colega de trabalho, Bernardo, parece fazer de tudo para tornar o cotidiano no jornal o mais difícil possível, seja sabotando suas investidas jornalísticas ou apenas sendo uma “Cria de Satanás”, o que não é nada fácil já que Rafa precisa segui-lo para cima e para baixo a todo tempo, e no tempo dele, sendo sua aprendiz.
Rafa não entende todo este ódio que Bernardo tem apontado em sua direção, o que simplesmente a faz repudiá-lo mais ainda, mas será que entre tantas brigas, furos e traições reside uma história de amor única e, se não for spoiler dizer isto, “improvável”?
Como bem sei, Marina é fã das histórias “água-com-açúcar”, e Azul da Cor do Mar nada mais é que isto. Me senti assistindo a um daqueles filmes americanos de 2004 sobre jovens executivas bem sucedidas que são um verdadeiro desastre no amor, passam por poucas e boas, de situações engraçadas àquelas de arrancar lágrimas, mas que, no fim, se encontram e encontram também o cara certo. E talvez este tenha sido meu grande problema com a protagonista: eu vi nela dezenas de outras personagens unidas num único corpo, o que deveria conferir-lhe uma personalidade sem igual, mas a deixou completamente irritante! Rs.
Rafaela Vilas Boas definitivamente entrou no meu top 10 de mocinhas indefesas sem justificativa. Apesar de em poucas situações ser a dona da razão, a moça parece andar tropeçando em tudo que encontra pela frente, não tem um “desconfiômetro” lá muito forte e ainda se sente injustiçada quando certas coisas inevitáveis acontecem devido à sua negação implacável dos próprios sentimentos.
Na maioria das vezes a falta de bom senso da personagem principal consegue passar longe de infectar o andar da carruagem, mas infelizmente não foi o que aconteceu desta vez, pelo menos para mim! Rs. Num livro que tem um cenário jornalístico como pano de fundo, as coisas mais variadas acontecem a todo tempo, tais como sequestros e viagens emergenciais, e com tudo sendo guiado através da ótica confusa da Rafaela, os fatos ficaram um tanto quanto desconexos e o romance principal, que prometia ser explosivo, acabou se tornando meras trocas de farpas aqui e acolá, às vezes sem qualquer sentido, com uns beijos roubados mais perto do final. Uma das poucas coisas que me fizeram simpatizar ao menos um pouco com a Rafa foi ela ser um reflexo literário da autora (sem a parte confusa, é claro), com sua fama de ser fashion e por ser “da roça”, não de um jeito pejorativo, rs.
Sendo um romance romântico com elementos do chick-lit, eu sabia que o livro seria previsível, tanto que este nem foi meu problema, mas sim sua improbabilidade. Tudo pode acontecer, afinal, a autora é quem comanda os fatos, e não é nem questão de fulano de tal ser quem realmente é, mas sim as páginas finais, que para mim se mostraram tão confusas e inexplicáveis quanto algumas das ações da protagonista. Fora que fiquei tentando entender, em mais de 300 páginas, como um simples menino bonito que uma adolescente viu num dia qualquer numa praia conseguiu marca-la para a vida toda. Mas é Rafaela Vilas Boas, né? Hahaha.
Fora isso, a escrita de Marina continua i-m-p-e-c-á-v-e-l. Sério. Novamente, não é por ela ser minha professora e eu querer puxar o saco, afinal se quisesse fazer isto não estaria sendo sincero agora, mas é realmente delicioso ler o livro, mesmo com as idas e vindas da narrativa, e é por isso que sei que amarei futuros trabalhos dela! Mas não dá para amar tudo, né? Existem outros autores que adoro que escreveram verdadeiras obras-primas e, ao mesmo tempo... Bom, livros que passaram longe de ser verdadeiras obras-primas. E se eu não gostei tanto assim, porque sim, eu gostei de alguns aspectos, é quase certo que você irá adorar! Sou conhecido por ser do contra. Hahaha.
É isso por enquanto, gente. Aposto que achavam que eu só voltaria com uma nova resenha lá pro fim do mês, né? Rs. Até a próxima!